03 maio 2010

O beijo do Conde Drácula


Olhou no espelho e não viu nada, apenas o sangue que escorria lentamente pelo vidro trincado. Seus dentes enormes doíam e sua boca salivava cada vez mais. Na espreita, uma sombra... Um reflexo sem nexo e sem alma de um ser vindo da escuridão.

Nem a nevoa da madrugada era capaz de camuflar o rastro de morte que pairava sobre os becos estreitos e assustadores daquele lugar. O constante desejo de beijar aquecia ainda mais seu ímpeto de matar. Uma alma estava condenada a escuridão da imortalidade.

Era meia-noite e a lua cheia surgia dentre nuvens turvas. No cume da torre mais alta, um voo rasante corta o silêncio da madrugada. É o senhor das trevas que baila no ar perseguindo a donzela de vestido vermelho. Os passos apressados da dama espalham folhas secas e a leve brisa, contorna seu corpo, conduzindo um forte aroma de vida e sangue fresco.

Enfim, o Conde está de volta. Insaciável, sedutor. A bela, de olhos brilhantes e arregalados, paralisa aterrorizada diante a morte. Apenas 2 passos separam o Conde Drácula daquele pescoço macio. O pavor da doce vítima impulsiona o desejo de beijar. Seu grito apavorado se cala quando os dentre cravam profundo na carne e o sangue que escorre, sentencia há vida eterna mais uma alma dentro de um corpo desfalecido.

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